Trinta e Sete


Lívia on
Alguns shows foram cancelados, por segurança. E desde o cancelamento, tudo estava uma bagunça. A polícia disse que por precaução ninguém poderia falar nada sobre onde o Luan iria, nem o que havia acontecido. A única coisa que tinha no Twitter de Luan era:
“Por questões de segurança os shows dessa semana e da próxima foram cancelados. Tão logo que eles forem remarcados, divulgaremos as datas. EquipeLS”
Mas estava uma loucura. Cada um criava uma “notícia” diferente. Chegaram até a dizer que Luan tinha ido parar em uma clínica de reabilitação. Cansada de ler tanta mentira, resolvi falar alguma coisa no Twitter. Existiam muitas menções, porque sabiam que eu era irmã da Ana. Comecei a escrever  o que vinha ao meu coração, pois imaginava a aflição de cada um ali.
“Gente, sei que muita gente ñ gosta de mim por eu ser irmã da Ana e nem gosta dela. Mas tem até gente culpando ela pelo cancelamento dos shows e tipo, isso não tem nada a ver. Até agora não vi ninguém nem chegando perto do que realmente aconteceu. Luan não está em reabilitação nem sofreu um acidente. Muito menos  se cansou da gente, ao contrário, ele não está gostando nem um pouco desses cancelamentos, mas isso tudo é necessário. É o que eu posso falar.”
Saí de lá imediatamente pra não vê as replys pedindo pra eu falar onde o Luan estava. Sabia que não podia fazer isso. Por mais que soubesse o quanto doía ficar sem notícias, doeria até mais ficar sem o Luan e minha irmã. Assim que desliguei o computador, a minha mãe me chamou.

Lívia off/Luan on

Quando me levantei de cima da Ana, a Bianca estava no chão também, ela havia levado um tiro de um dos policiais. Quando olhei pro outro lado, estavam colocando o Pedro também ensanguentado em uma viatura. A Ana se levantou, tentei abraça-la, mas ela correu até lá. Fui atrás.
-Te amo Ana. Nunca deixei de te amar. Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você. –ele cantou pra ela.
-Então vai lembrar por muito tempo.
-Não. –ele disse com dificuldade- Se lembra de mim pra sempre tá? Seja feliz.
-Pedro, não fala assim.
-Ainda lembro do nosso beijo. –ele riu- A gente saiu correndo... E a Ester foi falar com teu pai...
-A gente ainda vai ter muita coisa pra lembrar. –Beijo? Como assim beijo? Eles já tiveram alguma coisa antes?
-Precisamos ir logo. –disse um dos policiais.
-Eu vou junto. –a Ana entrou na viatura. Corri pro meu carro e segui a viatura, que ia em alta velocidade.
Quando chegamos no Hospital, tiraram o Pedro da viatura, já sem vida. Corri pra abraçar a Ana. Não sabia o que falar, até porque nada do que eu falasse mudaria aquilo. Apenas fiquei abraçado com ela, em silêncio.

Luan off/Ana on

Luan me levou pra casa. Eu só fazia chorar. Não soluçava, as lágrimas só saíam, como se fosse algo natural. Aquilo era pra mim, não pra ele. Eu deveria morrer, não o Pedro, que não tinha nada a ver com a história.
-O que aconteceu com ela?
-Não sei. Ela foi atingida pelos policiais, mas não sei direito o que aconteceu.
Quando chegamos em casa, ninguém entendeu nada. Não tinha coragem de fazer aquilo sair da minha boca, não queria aceitar. Fui para o quarto dos meus pais e me deitei. Cobri a cabeça e chorei, me lembrando te todos os planos que tínhamos. 

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