Quarenta e Um

Ester dirigia em alta velocidade e Luan estava inquieto ao meu lado. Estava um silencio enorme dentro do carro, o que significava que algo de sério tinha acontecido. Logo chegamos na casa dela.

-Porque a gente veio pra cá? (Eu)

-Ana, vamos entrar. Você precisa dormir, já é quase madrugada. (Ester)

-Dormi o dia inteiro, não tenho sono. (Eu)

-Te dou um de meus calmantes. (Ester)

-Não preciso de calmantes, preciso saber que aconteceu. (Eu)

-Quando você acordar amanhã a gente conversa. (Ester)

-Luan? (Eu)

-Quando eu souber de tudo certo eu te conto. (Luan)

Saí do carro e entrei na casa da Ester.

-Ana? (Maurício)

-Oi. (Eu)

-Vai dormir aqui hoje? Luan? O que aconteceu? (Maurício)

-Também quero saber. (Eu)

-Ana, vamos pro quarto. Depois a gente conversa, todo mundo junto. –a Ester disse e praticamente me empurrou para o quarto. Luan nos seguiu e logo atrás veio o Maurício.

-Toma. –ela me deu um comprimido.

-Não quero. Me conta o que aconteceu. (Eu)

-O pai queria que o Luan terminasse com você. (Ester)

-Por quê? (Eu)

-Ana, porque você acha que o Marcelo sumiu? (Ester)

-Amor, agora não. (Mauricio)

-Ela tem que saber. (Ester)

-Saber de que? (Eu)

-Responde. Porque você acha que o Marcelo sumiu? (Ester)

-Ele foi atrás do sonho dele, ia ficar só um tempo, mas resolveu ficar lá de vez. (Eu)

-Ele foi embora porque o Ricardo mandou. (Ester)

-Como assim? Porque o papai faria isso? (Eu)

-Pra proteger a filha dele. Você tem que ser dele e ponto, de mais ninguém. (Ester)

-Não. Você não tem certeza disso, tem? De onde você tirou isso? O papai sabia que isso ia me fazer mal, não ia fazer isso. (Eu)

-Ana... Ele tentou me afastar da Ester também. (Mauricio)

-Não gente, isso é loucura. Ele não ia fazer isso comigo, ele tem um coração bom. (Eu)

-Que piada. (Ester)

-Ester, por que... Não. Vocês estão brincando comigo, não é? (Eu)

-Toma. –ela me estendeu um comprimido de novo e dessa vez eu tomei.

-Mas ele pode mudar de ideia. Ele era muito apegado ao Pedro e tá abalado. (Eu)

-Ana, ele me bateu. (Ester)

-Ele o que? –o Maurício perguntou.

-Se não fosse o Luan, provavelmente eu estaria roxa. Ele tá irritado e a Lívia tá em casa. A mamãe não vai aceitar que ele bata nela e... (Ester)

-Ele não vai bater na mamãe. (Eu)

-Antes de você, vivíamos um inferno. –a Ester se sentou ao meu lado.

-PARA! Para, para... Eu não quero ouvir. –me deitei na cama.

-Amor, sei que é difícil pra você... (Luan)

-Me deixa sozinha, por favor. –comecei a chorar.

Eles saíram e eu desabei. Aquele foi o mês mais horrível da minha vida. Deu vontade de esquecer. Dormir e só acordar quando tudo tivesse passado. Só em uma semana, perdi meu melhor amigo, descobri que fiquei anos chorando e que meu pai teve culpa nisso, e que o grande doutor Ricardo de Souza não era o que todos certamente pensavam. Luan foi a minha tábua de salvação e ele queria tira-lo de mim. Tinha de falar com ele, saber os motivos. Mas naquele momento não. O calmante estava começando a fazer efeito eu dormiria em minutos.

Ana off/Luan on

-Quer saber de tudo mesmo?

-Se você estiver disposta a contar...

Eu e a Ester nos sentamos no sofá.

-Resumindo, eu nasci porque meu pai estava interessado no dinheiro da minha mãe. Engravidar ela foi a forma mais fácil que ele achou de fazer com que eles se casassem, porque meu avô sempre foi muito conservador. Mas eles não se casaram por amor, então algo tinha de dar errado. Não sei por que direito, mas... –ela começou a chorar- muitas vezes, ele chegava em casa e batia na mamãe. Me mandava pro quarto e, espancava ela até se sentir satisfeito. Quando eu fiz dez anos, eles descobriram que ela estava grávida da Ana. Daí ele parou. Mas quando a Ana nasceu, ele ficou muito estranho. Não gostava que ninguém sequer a pegasse no colo. Eu comecei a namorar o Maurício, a leva-la em alguns bares e ela conheceu o Marcelo. Por seis anos, o Ricardo aceitou o namoro deles. Não apoiou, mas aceitou. Até ele descobrir que ela não era mais virgem. Ele se preocupou porque essa foi a forma dele tirar a mamãe de casa. Daí ele fez algo que fez com que o Marcelo não voltasse. A Ana quase entrou em depressão. O máximo que ela fazia era sair em alguns barzinhos com o Pedro e a Isabela. Até que você chegou. Ela só voltou a viver depois que você apareceu.

AMORS, COMENTEM? =S