Luan on
Voltei pro quarto onde estava a Ana. Sentei ao seu lado. Não conseguiria
viver longe dela, sair de perto nem mais um segundo. Levaria ela comigo,
ficaríamos alguns dias em minha chácara e depois a levaria pros shows e pra
qualquer lugar que eu fosse.
Luan off/Lívia on
Saí correndo do escritório e me tranquei em meu quarto “O que ele vai
fazer comigo?” eu pensava.
-Lívia, abre essa porta.
-O que você vai fazer se eu abrir?
-Se você não abrir, eu vou ter que fazer o que não quero.
Abri a porta e ele passou direto por mim. Abriu meu guarda roupa e
lascou um de meus pôsteres.
-Não! Pai, para! –ele não me deu ouvidos e continuou a lascar os pôsteres.
Depois abriu minhas gavetas e jogou no chão. Se ele encontrasse alguma coisa do
Luan, ele lascava- Pai, para com isso, por favor.
-Não quero nada desse homem nessa casa e quero que você esqueça ele,
assim como sua irmã vai fazer.
-Não! Não tem como esquecer do Luan. Pai, porque você tá fazendo isso?
Ele não tem culpa da morte do Pedro. –ele pegou meu notebook e jogou no chão-
Pai, cê tá louco?
-Você tem que aprender a respeitar o que eu digo. Se eu disse que não
era pra mexer em minhas coisas –ele me pegou pelo braço e me jogou na cama- não
era pra mexer. –ele tirou o cinto.
-Pai, o que o senhor vai fazer? Por favor pai, você nunca fez isso
comigo. Não, por favor... –ele começou a me bater- Para pai! Para, eu não mexo
mais, não conto a ninguém, por favor. –minhas costas e pernas ardiam, ele batia
sem olhar onde. Eu chorava desesperadamente.
-Ricardo, para! –mamãe tentou segurar ele pelo braço- Desconta em mim,
mas não bate nela.
-Carla, sai daqui. Prometi que não ia mais bater em você e pretendo que
continue sendo assim.
-Você não vai bater em minha filha. –meu rosto estava enterrado no
travesseiro.
Minha mãe se sentou ao meu lado e colocou meu rosto em seu colo. Ficamos
em silencio, as duas chorando. Eu tentava entender o que tinha acontecido ali.
Lívia off/Ana on
Estava amanhecendo quando eu acordei. O calmante não fez efeito por muito
tempo. Saí da cama com cuidado pra não assustar o Luan e saí do quarto. Estava
amanhecendo. Ainda não conhecia a casa da Ester, então tentava me lembrar do
caminho para a saída. Nem mesmo um sapato ou sandália eu tinha, então peguei um
da Ester que eu achei no corredor. Peguei a chave e saí atrás de um táxi. Demoraram
uns 15 minutos, mas eu achei um e fui até a casa de meus pais. Toquei a
campainha e foi meu pai quem atendeu.
-Sabia que você voltaria, ia me entender.
-Eu vim pra tentar entender. E pra pegar meu carro.
-Sou seu pai, tenho que te proteger.
-Eu não sou mais criança! Eu quero entender, porque e como você fez o
Marcelo ficar longe de mim? E porque quer fazer o mesmo com o Luan?
-Eu nunca amei sua mãe.
-Que? Então porque vocês se casaram então? –falei pausadamente,
assustada com o que tinha acabado de ouvir.
-É uma longa historia. E complicada.
-E o que eu tenho a ver com isso? Porque não posso namorar ninguém?
-Você e suas irmãs são a única coisa que me restou no mundo. Quando
descobri que você não era mais a minha menina, eu enlouqueci. Primeiro a Ester,
depois você. Não podia perder minhas filhas.
-Pai, isso iria acontecer a qualquer dia. Você não perderia a gente.
Relacionamentos podem passar, mas família é pra sempre. Você é nosso pai e nada
muda isso.
-EU FIZ A MESMA COISA! Seu avô era muito conservador. Pra ele, essas
coisas só depois do casamento. Fiz com que sua mãe se entregasse, engravidasse
pra gente casar. Eu fiz isso e tive medo de que fizessem também.
-Eu não entendo. Se você não amava a mamãe, por que...
-Eu morava numa casa que mal me cabia direito mesmo tendo um diploma.
Faria qualquer coisa por uma parceria com um advogado reconhecido. Sua mãe
foi... O mais fácil.
-Foi interesse? Você casou com ela por interesse? –ele ficou em silêncio-
E o Luan? Eu não entendi.
-Você pode perdoa-lo depois daquelas fotos, mas eu não. Mesmo sem amor,
eu sou fiel a sua mãe.
-Pai... Aquilo foi antes... Antes de a gente começar a namorar, e eu...
Eu confio no Luan. E mesmo se não for com ele, um dia vou casar, ter filhos...
E você vai continuar sendo meu pai.
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