Subi e fui
até meu antigo quarto. Peguei as chaves de meu carro e o sapato que eu estava
usando antes.
-Você vai
com ele?
-Vou.
-Fica aqui
ao menos pra pensar.
-Eu vou
pensar, mas com o Luan. –saí do quarto e passei em frente ao da Lívia. Bati e
tentei abrir, mas estava trancado.
-Lí? Lívia
abre, é a Ana.
-Não.
-Lívia...
-Não.
-Eu já vou
tá?
-Tchau.
-Lívia,
eu... Te ligo quando chegar.
Desci,
peguei meu carro e voltei pra casa da Ester.
-Onde cê
foi?
-Pegar eu
carro. –abracei o Luan e comecei a chorar- Me tira daqui, por favor.
-Vem, você
tem que comer primeiro.
Entramos e
fomos pra cozinha.
-Ana, você
foi lá, não foi?
-Só pegar
o carro.
-O que ele
te disse?
-Nada. E
eu não quero saber de nada.
Engoli um
pouco de comida por insistência do Luan e a gente foi pra minha casa. Ela
estava diferente. Estava tudo no seu lugar, mas a energia tinha mudado, era
como se ela não fosse minha, mas sim de alguém muito carregado mentalmente. Afastei
esses pensamentos da cabeça e subi pro quarto. Tomei um banho, coloquei uma
roupa, arrumei minhas coisas em uma mochila e fomos pra Londrina.
-Deus do
céu, como que vocês estão? –a Bruna me abraçou.
-Morri de
preocupação quando soube do que aconteceu. Sinto muito por seu amigo.
Pedro.
Minha cabeça girou e tudo ficou escuro rapidamente. Pedro me jogando no chão, dentro
da viatura... Luan me segurou.
-O que
foi?
-Um pouco
de tontura, mas já tô bem.
-Certeza
de que vocês não querem ficar aqui?
-É amor,
até amanhã. É a segunda vez que isso acontece, amanhã de manhã a gente vai.
-Não
precisava, mas tá tudo bem. Onde eu vou ficar? –perguntei ao Luan.
-Em meu
quarto, onde mais?
-Tá bom.
Não
consegui dormir a noite, mas fiquei bem quietinha, ao lado do Luan. Em um
horário razoável, liguei pra Lívia.
-Alô?
-O-oi. –ela
me respondeu um pouco tensa.
-Lívia,
eu... Sei que... Olha, não sei o que falar pra você. Só queria saber se você está
realmente bem.
-Não, não
estou bem. Vi um lado do papai que nunca pensei que fosse ver.
-Vai pra
casa da Ester. Fica lá até eu voltar.
-Não
posso.
-Eu vou
voltar.
-Não, você
precisa ficar com o Luan.
-Minha
família está desmoronando e tudo começou por culpa minha. Não posso
simplesmente sumir e fingir que está tudo bem. Estou em Londrina, vou voltar. –desliguei
o telefone.
Escrevi um
bilhete, com lágrimas nos olhos e coloquei junto ao Luan. Quando passei pela
sala, encontrei com a Dona Marizete.
-Ana, aonde
você vai tão cedo?
-Desculpa,
eu tenho que voltar. –enxuguei as lágrimas do meu rosto- Já fiz teu filho
passar por tantas coisas, eu não acho que deva insistir em ficar com ele ainda.
Não quero fazer o Luan sofrer mais, sabe? E minha família está em ruínas, tenho
que estar com eles agora. Me desculpe.
Me virei e
saí. Entrei em meu carro sem nem me preocupar se levava algo além da roupa do
corpo, tinha medo de desistir de ir. Eu não podia prejudicar mais o Luan, desde
que eu cheguei à vida dele, só trouxe problemas.
Os últimos
cinco meses da minha vida passaram por minha mente. Meu pedido de namoro, cada
palavra que eu usei pra contar ao Luan o que tinha acontecido...
Eu me
odiava por aquilo, por fazer ao Luan o mesmo que o Marcelo me fez, ser egoísta
e abandona-lo. Mesmo que ao contrário dele, ninguém me influenciou a fazer
aquilo.
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