Eu tinha vergonha. Vergonha do que tinha acontecido, de
na realidade não estar grávida. Simplesmente foram enjoos e um atraso. Fui o
voo inteiro calada. Voltei pra minha casa, que continuava sendo estranha pra
mim. Subimos para o meu quarto. Luan voltaria
a fazer shows e eu iria acompanha-lo por duas semanas. Mas a vergonha ainda
estava dentro de mim. Vergonha de olhar na cara do Luan e mais ainda de voltar
na casa dele depois de sair sem dar explicação.
-Lu, eu não vou pra Londrina tá? Tem muita coisa pra
resolver aqui, eu acho que...
-O que eu fiz?
-O que?
-Tava tudo bem até ontem. Eu sei que um bebê te fez ficar
feliz, eu fiquei feliz também, mas a culpa não é minha se não tinha bebê algum.
Você tem que parar com isso.
-Com isso o que?
-De procurar colocar a culpa em alguém.
-Tudo bem. –continuei a desarrumar as coisas da mala.
Luan me observou por um tempo e depois veio pra perto de mim.
-Ei, me desculpa. É que não tá fácil pra mim também.
-Tudo bem Luan.
-Olha pra mim. –parei o que estava fazendo e olhei em sua
direção- Eu queria que você fosse comigo até lá em casa. Não tem problema
algum, todo mundo já entendeu.
-Luan, eu realmente tenho muita coisa pra fazer. Depois
de amanhã eu vou pra lá, tá bem?
-Tá.
O clima entre a gente ficou um pouco tenso. Ele foi
embora, eu tomei um banho demorado e fui pra casa da Ester. Não sabia, mas um
pacote me esperava.
ANA O FF/LÍVIA ON
Depois de tudo aquilo de ficar na rua só bebendo e
fazendo o que não devia pra só então finalmente meu coração ter aceitado que a
Ana e o Luan se amavam e ponto, as coisas estavam mais leves dentro de mim. Exceto quando eu me
lembrava que minha mãe estava sozinha com... meu pai. Ficou um pouco difícil de
admitir isso quando a Ester me disse o que eu estava crescida o bastante pra ouvir
a verdade e me contou tudo. Naquela semana eu não havia me cortado. E
acreditem, esse é um grande progresso. Olhei para o relógio. Eu estava chegando
na casa da Ester e provavelmente naquele horário eles estavam em almoço. Apressei
o passo quando vi a minha mãe em pé na porta da casa da Ester
-Mãe, tá tudo bem?
-Preciso que guarde uma coisa. –entramos.
-Tá tudo bem lá em casa?
-Tá. Olha, eu preciso conversar com você. –sabia que
aquela hora iria chegar, mas não sabia se estava pronta. Nos sentamos no sofá.-
A Ester te contou alguma coisa, mas não do meu ponto de vista.
-O único ponto de vista é que você se casou por obrigação
e tem um casamento infeliz.
-Tive. Vou parecer uma idiota parecendo isso, mas seu pai
mudou.
-Mãe, ninguém muda em uma semana.
-Não foi em uma semana! Pense. Você é a filha mais nova
dele, a princesa que lhe resta. Com a primeira ele agiu errado, com a segunda
ele tentou mudar, mas continuou errando. Você é a que sobra, a chance dele de
ser um bom pai.
-Ele te enganou.
-Eu não sou a santa da história.
-Como assim?
-Todo mundo sabia da reputação dele. Sabia bem no que
estava me metendo. De qualquer forma... –ela me estendeu uma caixa retangular
grande. Tinha muitos selos, o que significava que tinha passado por muitos
lugares- Dá isso pra Ana. Tive que trazer antes do Ricardo ver.
O QUE CÊS ACHAM QUE TEM NESSE PACOTE? :X
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