Quarenta e Seis


Ana off/Isa on

Cheguei em frente ao quarto onde a Bianca estava. Um policial estava na porta. Expliquei quem eu era e ele me deixou entrar. Ela estava dormindo. Algemada à maca.
-Quem é você?
-Sou Isabella. Doutora Isabella Fonseca.
-A advogada do Roberto... O que você tá fazendo aqui? Ele te mandou?
-Vim te dizer que tudo o que você fez foi em vão. Sua vingança foi contra a pessoa errada.
-Não entendo.
-É por mim que o Roberto está apaixonado. –ela olhou em meus olhos por alguns instantes. Um olhar frio, vazio. Estava começando a reforçar a minha ideia de algum deslize mental.
-Não importa mais. –ela disse por fim, depois de segundos que pareceram horas.
-Mesmo?
-Eu nunca vou sair daqui. E você vai sentir remorso e culpa pela morte do seu amigo.
-Mas eu... Eu não... –tentei me controlar. Ela podia ser uma psicopata. “E se não for?” minha cabeça gritava. “E se ela for somente má? Se ela só amar demais? Amar o mesmo homem que você?” Lágrimas começaram a parecer, meus olhos ficaram embaçados. Ela começou a rir.
-Pense. Tudo. Todo esse sofrimento... É culpa sua.
-Não é. Não fui eu. Foi você. –saí do quarto e me sentei num banco do lado de fora.
-Tudo bem? –um policial me perguntou O riso dela ainda estava em minha mente. O momento em que eu recebi a ligação da Ana falando sobre o Pedro, o nosso sonho recente e realizado que era a Party Club, o nosso sonho antigo e guardado na gaveta, que era o de ter um escritório de advocacia só nosso... Queria ir pra casa e chorar sem ter ninguém olhando.

Isa off/Luan on

Não pensei em perguntar-lhe qualquer outra coisa, mesmo morrendo de medo da resposta. E se ela realmente estivesse decidida a me deixar? Se ela ainda estivesse com aquela ideia ridícula de que ainda me fazia mal?
-Eu te deixei uma carta. –ela dizia sem olhar.
-Olha pra mim. Olha pra mim e me diz que você não quer mais ficar comigo. Se você não quiser, eu vou embora. Mas se você vacilar só por um momento, vou por esse bendito anel em seu dedo e você só vai tirar quando for por o outro na outra mão.
-Tenho tido pesadelos horríveis, eu agora me lembro deles. Não quero que nada de mal te aconteça.
-São só pesadelos. Nada de ruim vai acontecer comigo ou com você. Agora me responde. Você quer ou não ficar comigo?
-Eu quero muito, mas... –não deixei ela terminar de falar e a beijei. Arregaçaria as mangas para que ela fosse minha pra sempre e o mundo inteiro soubesse. A soltei e procurei a aliança em meu bolso. Não achei.
-Tá no porta luvas. –fui pegar. Quando tirei minha atenção dela, percebi que juntava gente ao nosso redor.  Fui até o porta luvas, peguei o anel e voltei correndo. Coloquei em seu dedo, beijei sua mão e as pessoas bateram palmas. Ela sorriu entre lágrimas.
-Eu não vivo longe de você. –juntei nossas testas- Porque quem eu vivo é você. Mais do que te amo, eu te vivo Aninha.
-Sim, eu também te vivo Luan. Sou capaz de deixar tudo pra trás se tiver com você.
Nos beijamos. Ouvi vários “awwwwn” e alguns gritinhos de felicidade. Sorrimos pra quem olhava.
-Me ajuda a voltar pra casa? Tô com um probleminha ali o carro.
Levantei uma sobrancelha, confuso. E naquela hora me bateu: Porque ela estava com o carro parado no meio da rua?

E AÍ AMORS, GOSTANDO?

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