Quarenta



Luan on
Havia se passado mais ou menos uma hora quando o pai da Ana me chamou.
-Podemos conversar?
Assenti com a cabeça e  fomos até o escritório dele.
-Você deve saber alguma coisa sobre o último namorado da Ana.
-Sim, ela me contou.
-Minha filha sofreu muito e eu não quero que isso se repita.
-Senhor Ricardo, se depender de mim, a Ana nunca mais vai sofrer por amor ou por qualquer outra coisa.
-Sei que conversamos a pouco tempo sobre... Você leva-la aos shows, pra de certa forma faze-la esquecer das coisas que aconteceram e ficar um pouco mais segura. Mas eu pensei direito e não quero você na vida dela.
Aquelas palavras caíram em mim como um baque. Pensei que ele fosse reclamar sobre a Ana me acompanhar, mas isso foi muito mais forte.
-Eu... Eu acho que é ela quem escolhe isso. A Ana acabou de completar 26 anos e tem capacidade suficiente pra pensar sobre isso. A não ser que ela queira, não vou sair de perto dela. –disse tentando me manter calmo.
-Soube de algumas fotos e de uma suposta gravidez... O Pedro morreu! –ele bateu na mesa- Aquele menino vinha aqui em casa desde pequeno, quase todos os dias. Ele era como um filho pra mim, eu me orgulhei muito quando ele quis seguir a minha carreira. Se você não tivesse se envolvido com essa mulher, o plano dela não teria funcionado e o Pedro ainda estaria aqui. A minha filha não estaria chorando lá em cima.
-Não tinha como saber...
-A minha filha mais nova ficou um dia inteiro na rua, desolada. O Pedro, que eu tinha como filho tá morto. A minha filha, que eu zelo tanto, desde que nasceu, meu Deus, desde que eu ouvi o choro dela, está desesperada. POR SUA CAUSA! –ele se exaltou.
-Não me culpe pela morte do Pedro. Jamais ia querer a morte de ninguém.
-Não importa. Agora você vai sair daqui e nunca mais olhar na cara da minha filha.
-Prometi pra ela que não ia fazer isso e não vou fazer.
-Você vai terminar com ela.
-Pai, você não vai fazer isso de novo. –a Ester abriu a porta do escritório- você não sabe o bem que o Luan fez pra Ana. Não a via sorrir tanto em anos, ela ganhou mais ânimo pra tudo. –como assim de novo? Aquela história estava ficando cada vez mais confusa- Além do mais, o Luan não é o Marcelo. E foi você pai, foi você quem fez a Ana ficar assim, tendo pesadelos e chorando. Ele tirou ela disso.
-O que tá acontecendo? –a Lívia entrou no escritório.
-SAIA DAQUI! –ele gritou.
-A LÍVIA TEM DE SABER A VERDADE TAMBÉM! TODO MUNDO TEM QUE SABER O QUANTO VOCE É SUJO E EGOÍSTA! –ele bateu na Ester.
-NÃO! –tomei a frente.
-Saia daqui. Suma da vida da minha família. (Ricardo)
-A Lívia e a Ana vão comigo. (Eu)
-A Lívia não. Ela é menor, você não pode leva-la. (Ricardo)
-Quero ir com ele. (Lívia)
-Não. (Ricardo)
-Você só sabe dizer isso? Não?! Talvez seja por isso que esconde as cartas do Marcelo pra Ana no guarda-roupa, porque disse não pro amor deles. (Lívia)
-Você mexeu nas minhas coisas? Disse pra não mexer. (Ricardo) –a Lívia ficou inquieta.
-Vai me bater também? (Lívia)
-O que você ainda está fazendo aqui Luan? (Ricardo)
Eu fui até a Lívia.
-Se ele fizer qualquer coisa contigo, me liga. (Eu)
-Tá. –ela correu, provavelmente para o quarto. (Lívia)
-Vamos Ester, vou te levar pra casa. (Eu)
Subi até o quarto e peguei a Ana no colo. Ela despertou.
-O que foi?
-A gente vai embora daqui.
-Por quê?
-Não posso mais ficar aqui, não fico longe de você nem por um decreto e não te quero mais nessa casa.

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