Cinquenta


“Oi. Me desculpe por não responder suas cartas, só ontem fiquei sabendo delas. Meu pai as mantinha escondidas, e isso me fez com que passasse um inferno por estar longe de você. Me senti abandonada, um lixo. Passei dias e noites acordada e chorando.
Te esperei. Por muito tempo eu te esperei. Existem muitas questões a serem respondidas, mas nesse momento elas não me interessam mais. Acabo de ficar noiva, quero começar uma nova vida.
Mas há uma coisa que eu quero descobrir: o que meu pai te ofereceu para que você ficasse longe de mim? E isso valeu mais do que nosso amor? Bem, eu te amei. E enfrentaria qualquer coisa por você.
Esses dias não foram nada fáceis. Fui perseguida por uma louca, o Pedro morreu...  Encontrei este e-mail em uma dessas cartas e espero que ele continue o mesmo. Eu só... Não me perdoaria se você continuasse a pensar que  tudo o que fiz foi por espontaneidade.
Não sei qual seria minha reação se te visse agora. Não sei se sinto raiva ou saudade... Mas se tem uma certeza, é a de que eu não fui a culpada por isso
Ana Maria de Souza.”

Cliquei em enviar. Não sei como ele receberia a notícia de que a menina cheia de sonhos que ele havia deixado aqui no Brasil estava realizada e prestes a se casar.
-Tá pronta amor?
-Tô. Só queria saber aonde você vai me levar.
-Cê vai amar. Vão ser um dos melhores dias da nossa vida.
Chegamos no aeroporto.
-Salvador?
-Calma, a gente só vai passar por lá.
Estava quase amanhecendo quando chegamos à cidade. Fomos diretos pra um hotel. Chequei minha caixa de e-mails. Nada.
-O que foi?
-Nada.
-Então vem dormir. Quero chegar lá antes do por do sol.
-Lá onde?
-Você é muito curiosa. –ele apertou meu nariz.
-E você é um bobão.
-Seu bobão.
-Meu bobão. Agora dorme.
Quando acordamos, comemos e Luan alugou um carro. Assim que saímos, eu liguei o rádio e estava passando uma música que tinha tudo a ver com aquele momento, “Cruisin'
-I love it when we're cruising together… -cantei.
Luan olhou pra mim e sorriu. Na verdade, não me importava muito onde eu estava indo. Eu estava com ele, nada mais importava. Naquele momento, me toquei de que poderia vir a perder muitas coisas na vida, menos aquele sorriso, aquela voz, aquele olhar... Meu mundo acabou ficando nas mãos de quem esteve ali pra me salvar, talvez não a todo tempo, mas no momento certo. Meu coração se abriu de esperança enquanto eu olhava pela janela aberta, deixava o vento bater em meu rosto via carros e pessoas passando e o meu amor ao meu lado.

Depois de algum tempo na estrada, comecei a ver praias paradisíacas passando ao meu lado. Luan procurou um estacionamento e colocou o carro.
-É aqui que a gente vai ficar? –disse com os olhos brilhando.
-Não necessariamente.
-Ah Lu, sério.
-Só dá pra ir andando.
-Tá, então vamos.
O lugar era meio vazio, mas com certeza tinha mais gente do que para onde estávamos indo. Luan fez questão de levar a minha mochila. No caminho, ele falava alguma besteira, ríamos e então ficávamos calados, só de mãos dadas, acompanhando o lugar. Andamos por uma grande faixa de areia onde só tinha nós dois, até que comecei a ver uma casa verde, um pouco ao longe.
-Ei.
-O que foi?
-É só nossa? Por uma semana?
-É.
Não sabia se olhava para ele ou ao meu redor.  Antes mesmo de chegar na casa, olhei para o Luan e ri.
-O que foi? –ele perguntou. Tomei as mochilas e coloquei na areia.- O que você tá fazendo. –eu ri e o puxei pela mão em direção ao mar. Não me liguei em roupas, ou nada demais. Queria que fosse eu, ele e o mar. Assim como foi, até o sol se pôr.


Um comentário:

  1. Top, top, top demais! Capitulo perfeito! Necessito urgentemente do capitulo 51 hahah Bjss Astralsantana

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