Cinquenta e Nove


Eu tinha vergonha. Vergonha do que tinha acontecido, de na realidade não estar grávida. Simplesmente foram enjoos e um atraso. Fui o voo inteiro calada. Voltei pra minha casa, que continuava sendo estranha pra mim.  Subimos para o meu quarto. Luan voltaria a fazer shows e eu iria acompanha-lo por duas semanas. Mas a vergonha ainda estava dentro de mim. Vergonha de olhar na cara do Luan e mais ainda de voltar na casa dele depois de sair sem dar explicação.
-Lu, eu não vou pra Londrina tá? Tem muita coisa pra resolver aqui, eu acho que...
-O que eu fiz?
-O que?
-Tava tudo bem até ontem. Eu sei que um bebê te fez ficar feliz, eu fiquei feliz também, mas a culpa não é minha se não tinha bebê algum. Você tem que parar com isso.
-Com isso o que?
-De procurar colocar a culpa em alguém.
-Tudo bem. –continuei a desarrumar as coisas da mala. Luan me observou por um tempo e depois veio pra perto de mim.
-Ei, me desculpa. É que não tá fácil pra mim também.
-Tudo bem Luan.
-Olha pra mim. –parei o que estava fazendo e olhei em sua direção- Eu queria que você fosse comigo até lá em casa. Não tem problema algum, todo mundo já entendeu.
-Luan, eu realmente tenho muita coisa pra fazer. Depois de amanhã eu vou pra lá, tá bem?
-Tá.
O clima entre a gente ficou um pouco tenso. Ele foi embora, eu tomei um banho demorado e fui pra casa da Ester. Não sabia, mas um pacote me esperava.

ANA O FF/LÍVIA ON

Depois de tudo aquilo de ficar na rua só bebendo e fazendo o que não devia pra só então finalmente meu coração ter aceitado que a Ana e o Luan se amavam e ponto, as coisas estavam  mais leves dentro de mim. Exceto quando eu me lembrava que minha mãe estava sozinha com... meu pai. Ficou um pouco difícil de admitir isso quando a Ester me disse o que eu estava crescida o bastante pra ouvir a verdade e me contou tudo. Naquela semana eu não havia me cortado. E acreditem, esse é um grande progresso. Olhei para o relógio. Eu estava chegando na casa da Ester e provavelmente naquele horário eles estavam em almoço. Apressei o passo quando vi a minha mãe em pé na porta da casa da Ester
-Mãe, tá tudo bem?
-Preciso que guarde uma coisa. –entramos.
-Tá tudo bem lá em casa?
-Tá. Olha, eu preciso conversar com você. –sabia que aquela hora iria chegar, mas não sabia se estava pronta. Nos sentamos no sofá.- A Ester te contou alguma coisa, mas não do meu ponto de vista.
-O único ponto de vista é que você se casou por obrigação e tem um casamento infeliz.
-Tive. Vou parecer uma idiota parecendo isso, mas seu pai mudou.
-Mãe, ninguém muda em uma semana.
-Não foi em uma semana! Pense. Você é a filha mais nova dele, a princesa que lhe resta. Com a primeira ele agiu errado, com a segunda ele tentou mudar, mas continuou errando. Você é a que sobra, a chance dele de ser um bom pai.
-Ele te enganou.
-Eu não sou a santa da história.
-Como assim?
-Todo mundo sabia da reputação dele. Sabia bem no que estava me metendo. De qualquer forma... –ela me estendeu uma caixa retangular grande. Tinha muitos selos, o que significava que tinha passado por muitos lugares- Dá isso pra Ana. Tive que trazer antes do Ricardo ver.

O QUE CÊS ACHAM QUE TEM NESSE PACOTE? :X

Cinquenta e Oito



-E a nossa lua de mel? A gente nem pensou ainda.
-Nem marcamos o casamento.
-Mas fala onde cê quer ir. -entramos no elevador.
-Bom, sempre quis ir pra Veneza. Mas você escolhe.
-Sério?
-Sério.
-Então vamos pra Veneza. –rimos. O elevador parou e eu apertei a mão do Luan.
-Ah, eu não gosto disso daí não.
-Nem eu. –Luan ligou pra recepção do hotel- O elevador parou. –pausa- Tá, a gente espera. –ele desligou- Mandaram a gente esperar.
-Ai, eu tenho medo disso.
-De elevador?
-Quando para, sim.
-Vem cá que eu te protejo. –sorrimos e eu o abracei. O abraço virou um beijo.
-Luan, espera.
-Olhando por esse lado, eu gosto de elevadores.
-Para Luan! –eu ri. Luan continuou a me beijar a boca e o pescoço, até que o elevador fez um barulho e continuou a subir. Ele se soltou de mim e ficamos com cara de sonsos até o elevador abrir. Tinham alguns funcionários do hotel na saída. Eles nos perguntaram se estava tudo bem, nos pediram desculpas e nós respondemos calmamente que estava tudo bem.
Entramos no quarto e antes mesmo de fechar a porta direito, eu tive um ataque de risos.
-Luan, você é muito cínico!
-Eu? O que eu fiz? –ele ria também- Avá, o sujo falando do mal lavado.
-Uma! –mostrei a língua pra ele e fui pro banheiro.
Quando tirei minha roupa, um estalo veio em minha mente. Olhei meu reflexo no espelho e passei a mão por cima de minha barriga. Ela ia demorar mais pra crescer do que eu estava imaginando fazia somente algumas horas. Não tinha bebê. Não sabia que ia me afetar tanto assim quando a ficha caísse,
Uma lágrima escorreu em meu rosto e minha mão continuava sobre a minha barriga. Tomei meu banho e depois me enrolei debaixo das cobertas da cama.

ANA OFF/LUAN ON

Depois do banho, o humor da Ana mudou completamente. Ela se enrolou na coberta e ficou o resto da noite lá.
-Boa noite amor. –disse mas não obtive resposta.

Já havia amanhecido quando despertei com a Ana chorando e se mexendo demais do meu lado. Ela murmurava alguma coisa indecifrável. A abracei e depois de alguns segundos, ela se aquietou, ainda dormindo. Os pesadelos haviam voltado. Queria fazê-los sumir de vez, fazer com que ela se sentisse segura ao meu lado. Queria ser a pessoa que a mantinha de pé, quer ela esteja dormindo ou acordada, triste ou feliz. Porque é assim que se demonstra o amor, não importa se perto ou longe.

Cinquenta e Sete

Acordei e dessa vez não precisei olhar pro lado pra saber que ele estava lá. Sabia que ele estava, que sempre estaria. Naquele dia, a nossa semana no paraíso iria acabar. Pelo menos em uma parte, porque ainda tínhamos aquele dia e o seguinte em Salvador, como eu pedi.  Iria fazer o exame de gravidez lá mesmo. Senti Luan me abraçar um pouco mais forte. Ele percebeu que eu estava acordada.

-Bom dia.
-Bom dia amor.
Ficamos mais algum tempo ali parados, só nos abraçando. Sentia sua respiração acima de minha cabeça, seu coração batendo junto a meu corpo... Ele colocou a mão e minha barriga e e a acariciou.
-Quando a gente vai?
-Daqui a pouco. Quer dormir mais?
-Não. Dormir não. –me virei e sorri pra ele- Eu sonhei com você.
-Quer me contar?
-Não lembro. Mas foi bom.
-Como você sabe?
-É que...
-Que...?
-Mesmo que tenha sido um pesadelo, se você estava lá, tudo melhorou em um instante, O seu amor transformou um pesadelo em um sonho com o céu azul, um mar lindo e calmo com o sol brilhando. –olhei pra porta e vi o que tinha acabado de descrever lá fora. Ele beijou minha cabeça e eu o abracei.

No caminho pra Salvador, trocamos poucas palavras, e assim que chegamos, procuramos um hotel e fizemos o registro. Preferi ir sozinha, achei uma clínica que fazia exames em uma hora.

ANA OFF/LUAN ON

Ana preferiu ir sozinha, e eu respeitei isso. Em pouco mais de uma hora ela voltou. Não precisou falar nada, só me olhou e eu percebi. O exame tinha dado negativo. Abracei ela.
-Agora a gente tenta.
-Eu sei. Tudo bem. É que... Você ficou tão empolgado...
-Não era a hora certa.
-Vou pedir sorvete.
-Pra mim também. –dei um risinho, tentando anima-la.
Depois que o sorvete chegou, fomos pra varanda do quarto, que era de frente pro mar, olhar o por do sol.
-Vem, vou te levar num lugar.
-Onde?
-Surpresa.
-Luan...
-Alguma de minhas surpresas foi ruim?
-Não.
-Então, confia em mim.
-Fala ou eu vou te morder.
-Morde.
Ela mordeu minha orelha e eu me arrepiei.
-Ui, desse jeito eu nem saio daqui. –rimos.
-Seu besta, vou me arrumar.

LUAN OFF/ANA ON

Dei um jeito com o que tinha na mala, a final eu nem sabia pra onde iria. Coloquei essa roupa:

Quando chegamos, eu vi que era um restaurante. Não muito formal. Quando entramos, percebi todos olharem pra “Luan Santana e sua noiva”. Era engraçado, mas às vezes eu esquecia disso, que o Luan era uma pessoa pública. Pra mim ele era o Luan. O meu Luan.
Nos sentamos em uma mesa no canto, de onde do meu ângulo, dava pra ver o restaurante inteiro. Luan, como eu perfeito cavalheiro, puxou a cadeira pra mim e depois se sentou na minha frente. Fizemos nosso pedido, que logo chegou.
-Aqui é lindo. –eu disse e Luan sorriu.
-A gente tinha de mudar das tardes jogados no sofá da sua casa. –rimos- Até essas tardes são especiais.

AAAAH, EU QUERIA QUE ELA ESTIVESSE GRÁVIDA, E VOCÊS? :/ ME DESCULPEM POR NÃO TER POSTADO ONTEM, EU NÃO TAVA BEM. BEIJINHOS E ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULO. ;)

Cinquenta e Seis


Acordei um pouco desconcertada. Uma de minhas pernas estava dependurada no sofá e meu braço também. Eu estava em cima do Luan. Tadinho, devo ter esmagado ele a noite inteira... Me levantei e ele despertou.
-Vem pra cama Lu.
-Não quero.
-Vem, sai daí.
Ele se levantou e foi pro quarto com toda a lerdeza do mundo. Se deitou na cama e eu fui no banheiro. Já havia amanhecido. Aos poucos, fui me recordando de meu sonho. Tinha sonhado com o Pedro. Tinha sonhado com aquela tarde Ele morreu em meus braços novamente. Tranquei a porta do banheiro e me encolhi atrás dela. Chorei. Por tudo o que havia, pelo que eu havia descoberto e pelo que eu tinha medo de perder. Luan bateu na porta do banheiro.
-Amor, tá tudo bem?
-Já saio. –molhei meu rosto e saí do banheiro- precisava disso. –disse e o abracei- Precisava chorar.

-A gente podia cozinhar juntos.
-E desde quando você cozinha?
-Desde quando você me ajudar. –rimos.
-Então vamos lá.
Cozinhar com o Luan foi algo que me animou, principalmente porque cada vez que nos virávamos pra pegar algo e “nos encontrávamos”, acontecia um beijo.
Ele sabia como me fazer esquecer do mundo lá fora. Em seus olhar eu encontrava uma paz inexplicável, em seu abraço me sentia segura e com seus beijos, me sentia amada. Ele me fazia dizer palavras que eu achei que jamais fosse dizer, e me dizia coisas que me deixavam quase que totalmente entregue. Faltava alguma coisa pra isso, eu sentia. Mas, ele era perfeito pra mim. Talvez não soubesse o quanto, mas era. Eu estava certa, queria ficar minha vida inteira ao seu lado. Acordar e vê-lo era o maior presente que eu poderia ganhar.
-Isso tá bom, hein?! Na próxima vez você faz sozinho.
-Tem certeza?
-Tenho. Confio em você.
-Eu posso errar. Colocar sal demais ou pouco sal.
-Eu confio. Erros são necessários. Aprendi isso.
Ficamos calados por algum tempo.
-Ao mesmo tempo que quero ficar aqui minha vida inteira, eu quero ir logo.
-Ir?
-Esses dias tem sido um sonho! Mas quero fazer esse exame logo.
-Não é só isso.
-Você me conhece bem demais. Às vezes parece que a vida toda.
-Vai me contar?
-Fiquei magoada com o que meu pai fez e... Queria conversar com ele. Por mais que eu só quisesse pensar em nós dois, não tem com. Isso me persegue. Faz parte de minha historia, é o meu passado, a única coisa que eu não posso mudas. Se não conseguir entender isso, não vou ter um futuro bom, mesmo se for contigo. E eu sei que... Nunca vou conseguir me entregar o tanto que você merece se não ficar livre disso.
-Eu entendo. –Luan disse com a cabeça baixa.
-Não queria te machucar. –deixei uma lágrima escapar- Mas é a verdade. Isso tudo, é pensando em nós dois, talvez nós três...
-Certamente nós três. Eu realmente te entendo. Nós vamos ter um filho, tudo deve estar perfeitamente certo.
-Eu não sou perfeita. Sei que ainda vou cometer muitos erros. Fica comigo, mesmo com eles?
-Eu nunca vou te deixar. Nunca.

Cinquenta e Cinco


Quando abri meus olhos, no outro dia pela manhã, Luan estava me olhando e sorrindo.
-Bom dia.
-Bom dia coisa linda.
-Coisa confere. Linda não. –coloquei meu rosto no travesseiro e ri.
-Olha o que eu trouxe pra você.
-Ah meu Deus Lu... Café na cama, tô chique hein? –rimos.
Não tinha nada melhor no mundo do que café da manhã na cama ao lado da pessoa que você ama.
Depois do café, resolvemos tomar um banho de sol.
-Luan, posso te contar uma coisa?
-Fala.
-Tua bunda tá muito branca.
-Tá é?
-Tá.
-Sabe o que é isso? É que é maior que a sua.
-Não é.
-É.
-É. Mas é branquela. –eu ri.
-Cê tá achando graça?
-Tô. Bunda grande e branca.
-Será que você acha graça... disso? –ele começou a fazer cócegas em mim.
-Para Lu! Para por favor!
-Vai parar de rir? –ele parou com as cócegas.
-Mas é.
-Ó...
-Ó o que? –comecei a rir de novo.
-Para.
-Tá, parei.
Luan me soltou.
-Vamo logo bundão branquelo.
-Falei pra você parar.
-Não, de novo não!
Saí correndo da casa até a praia e corri por um bom tempo até que Luan conseguiu me alcançar e me prendeu com os braços. Nós dois estávamos cansados tanto de rir quanto de correr.
-Pede desculpa.
-Desculpa meu amor. –continuava rindo.
-Agora para de rir e diz que me ama.
-Eu não te amo.
-Não?
-Não. Esqueceu? Eu te vivo.
Luan me beijou.
-Acordou palhacita hoje. Gostei. –beijei a ponta do nariz dele.
-Agora me solta e vem passar protetor nas minhas costas.
-Opa! Seu pedido é uma ordem!
Voltamos pra casa e ele começou a passar até onde não devia.
-Luan, eu falei nas costas.
-Uai, e o que eu tô fazendo?
-Procurando safadeza! –ele puxou o nó de meu biquíni- LUAN!
-O que foi? Soltou.
-Nem vem.
-Amor, sabe o que eu quero?
-Não e nem quero saber. Eu quero sorvete. Pega lá pra mim.
-Eu?
-É. E olha que se você não for pegar e eu tiver grávida mesmo, nosso filho vai nascer com cara de sorvete. E seria muito estranho um bebê com cara de sorvete.
-Ah, sua chantagista! Vou lá pegar.

ANA OFF/LUAN ON

Fui na cozinha pegar sorvete pra nós dois e quando voltei a Ana já tinha tirado o biquíni e colocado uma roupa.
-Desistiu?
-O sol sumiu. –olhei pela porta.
-Ih amor, foi mesmo. E agora?
-Agora a gente pode fazer o que você queria...
-Não quero mais.
-Ava, é brincadeira né? Você?
-Lógico que é. Se um dia eu fizer isso ou eu tô muito velho ou maluco. –coloquei o sorvete em cima do criado mudo.


Cinquenta e Quatro



ANA ON
Acordei com o sol batendo em meu rosto, porque tínhamos esquecido de fechar a cortina na noite anterior. Luan estava ao meu lado. Com a cara amassada, mas continuava lindo, continuava meu.
Olhei ao meu redor e tudo realmente parecia um sonho. Mas, e quando tivéssemos que ir embora? Era nosso terceiro de sete dias. Mas e depois? “Viva o momento.” Minha mente pedia. Estava na hora de parar de ser tão racional.
Levantei e fiz minhas higienes. Quando abri a geladeira, encarei duas coisas: uma barra grande de chocolate meio amargo e uma caixa de creme de leite. Pensei que gosto teria, peguei e coloquei em cima do balcão. Abri a caixa e comecei a mergulhar o chocolate lá dentro e depois comer. Aquilo parecia o céu de tão bom. Quando o chocolate acabou, peguei uma colher e comecei a comer o creme de leite.
-Ana?
Olhei pro Luan e para o que eu estava fazendo. E então eu me lembrei: eu odiava creme de leite, aquilo me deixava com um gosto horrível na boca. Meu estômago revirou. Sabendo o que viria a seguir, larguei a colher e comecei a corri para o banheiro pra chegar a tempo de vomitar no lugar certo.
-Amor, cê tá bem?
-Vou ficar.
Escovei os dentes umas três vezes e voltamos pra cozinha.
-Não era você que odiava creme de leite?
-Ainda odeio.

ANA OFF/LUAN ON

Ana parou de falar e foi para o calendário da cozinha.
-Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito.
-Oito o que?
-Oito dias. Tô atrasada oito dias.
-Atrasada?
-É. Nunca atrasou depois do primeiro ano.
-Será que o atraso, vontade de comer o que não gosta... Amor, será que você tá grávida?
-Grávida? Não. Eu tomo as pílulas todos os dias.
-Mas não é 100% confiável.
Ela se sentou na banqueta da cozinha, com a mão sobre a barriga.
-Um bebê? Agora? Não sei se eu...
-Pode ser bom.
-Bom como?  Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, e agora... –ela se levantou e saiu.
-Onde cê vai?
-Preciso ficar sozinha.

LUAN OFF/ANA ON

Me sentei na areia. As ondas vinham, batiam nos meus pés e voltavam.
Não podia ser mãe naquela hora, eu não estava emocionalmente preparada pra isso. Pensei que quando descobrisse uma gravidez, quisesse soltar fogos de artifício. Mas eu não queria, estava sendo totalmente o contrário do que eu esperava. Depois de alguns minutos chorando sozinha, Luan sentou atrás de mim e me abraçou.
-Não fica assim. Se você estiver grávida, a gente vai cuidar dele ou dela juntos. A gente não combinou de ter uma creche?
-Seria... uma injustiça.
-Injustiça? Com quem?
-A Ester tenta engravidar a anos. A gente nem planejou e...
-A gente. Pensa só na gente.
-É que não tem como! –fiquei em silencio por alguns minutos- Eu enviei um e-mail pro Marcelo.
-Ana...
-Isso tem a ver com nós dois. Eu não ficaria bem com essa dúvida de se ele tava achando que eu sou uma idiota.
-O que importa agora? Ele é seu ex, não é? Ex!
-Além de namorados, a gente era muito amigo também. E nossa amizade acabou de um jeito que eu não queria. – Ele se levantou.
-Eu não sou seu amigo? Não sou bom o bastante pra substituir o cara de te deixou por sei lá quanto?
-Luan, não é isso! –me levantei também- Eu tinha que falar com ele. Ele foi... especial.
-Tao especial que deixou você sozinha.
Ele entrou e eu continuei na praia. Ficamos até o fim da tarde sem se falar direito.
-Luan, não faz assim.
-Você tinha que me falar antes.
-Desculpa. Eu sei que devia, mas não me ignora assim. Foi só curiosidade, eu só quero saber porque ele fez isso. Mas vou esquecer. Tá bem? –ele continuou calado- Luan, a gente tá desconfiando que eu tô grávida, a gente devia tá junto, feliz... Não assim.
-Tudo bem. Me desculpa.
-Vamos esquecer isso. Tá bom? Nada vai atrapalhar.
-Nada. Nunca mais.
-Nunca mais. –sorrimos.

Cinquenta e Três


Ana on
Tive que me virar com o que a Lívia e o Luan tinham colocado em minha mala (eles que arrumaram). A maioria eram cangas e biquínis. Me arrumei assim:

Andamos de volta para perto de onde o Luan estacionou o carro que havia alugado, um restaurante pequeno, onde as mesas ficavam na areia. Só alguns metros ao longe, tinha uma fogueira armada (ainda apagada), uma banda de samba de roda e algumas mulheres dançando. Eu e Luan escolhemos uma mesa e sentamos. As pessoas olhavam pra nós e pareciam reconhecer o Luan.
-Isso é estranho.
-O que?
-Todo mundo olhando pr’aqui.
Abaixei a cabeça e ri.
-Vai ter que se acostumar. Afinal, você será a minha esposa. –Luan beijou minha mão.
Olhamos o cardápio e fizemos o pedido.
-Olha. –ele apontou na direção do mar. O céu estava alaranjado e o sol se pondo. Os funcionários do pequeno restaurante pararam de trabalhar, a banda fez silencio e os clientes pararam sua refeição, só pra contemplar uma das coisas mais lindas da Terra.
Depois de alguns minutos, tudo voltou ao normal e o nosso pedido chegou.
-Nossa, isso é muito bom! –eu dizia entre garfadas. Quando terminamos de comer, eu e Luan estávamos empanturrados. Eu continuava olhando pra banda.
-Quer ir lá?
-Ãh? Não, eu acho melhor não.
-Vamos, vai ser legal.
-Ok. Vamo lá.
Quando chegamos perto, a banda parou a música e começou a tocar “Meteoro”. Olhei pro Luan que sorriu. Uma das mulheres me puxou pra roda.
-Mas eu não sei. –ela simplesmente riu e quando eu vi já estava na roda. Luan batia palmas acompanhando o ritmo e eu ao menos tentava sambar. Quando a música acabou, todos batemos palmas. Eu e Luan saímos da li e voltamos pra casa.
-Isso é uma loucura. –eu ri.
-O que?
-O dia de hoje. Sei lá, parece um sonho.
-E foi só o primeiro dia.
-Estou ansiosa pelos outros.
Assistimos alguns filmes até amanhecer, quando dormimos.

Ana off/Luan on

Acordei com um cheiro bom vindo da cozinha.
-Boa tarde amor.
-Boa tarde vida. –ela riu- Que bom que hoje ninguém se esqueceu de olhar o relógio. –eu sorri.
Nós almoçamos. E a propósito, era a primeira vez que eu experimentava a comida da Ana.
-Se eu soubesse que você cozinhava tão bem, teria te pedido em casamento antes. –brinquei e ela riu.
Assistimos uns dois filmes e depois fomos ver o por do sol.
-Estamos perdendo mais da metade dos dias acordando tarde assim. E quando eu acordo tarde, fico mole o dia todo.
-Então amanhã a gente tenta acordar cedo pra aproveitar o dia. –A Ana se calou e ficou pensativa por um tempo.
-Quer ligar pra Lívia?
-Não. Sei que a Ester vai cuidar dela.
-Com o que você tá preocupada então?
-Com a Isa. Tenho medo que aquela mulher fuja e faça alguma coisa com ela.
Ficamos em silencio por alguns instantes. Resolvi mudar o assunto.
-Como cê quer nosso casamento?
-Muito chique! –rimos- Na verdade, eu queria que a parte da decoração fosse surpresa, pelo menos pra mim, sabe? Só ver na hora.
-E se você não gostar?
-Eu não caso.
-Mesmo? –perguntei sério.
-Lógico que não, bobo. –ela riu- Com você eu caso até no meio da rua, embaixo da chuva e de pijama.
-Tá bom. –eu ri.
-Lu...
-Fala.
-Antes de voltar pra casa, a gente podia passar rapidinho em Salvador, né?
-Tá bom.
-Lu...
-O que?
-Tem Nutella aí?
-Acho que não. Por quê?
-Nada. Só deu vontade.

TAÍ AMORS, CAPÍTULO 53 ;D GOSTARAM DO NOVO DESIGN? HAHAHA COISAS DA MILY, RS, EU AMEI. ATÉ O PRÓXIMOS CAPÍTULO AMORES, BEIJINHOS DA DAN. ;)

Cinquenta e Dois


Ana on

O fato de eu acordar e não correr pra saber que horas eram já me fez me sentir diferente. “Vou aproveitar o momento.” Pensei. Me levantei e fiz minhas higiene. Quando voltei no quarto, Luan continuava dormindo. Me deu vontade de mordê-lo inteiro. Afastei a ideia da minha mente e fui pra varanda, na porta da frente. Pensei na Lívia, na Ester, no Pedro, e até no trabalho. “Só nós dois.” Pensei. Me lembrei da noite anterior e me peguei rindo. Nossa primeira noite de “pré-lua de mel” foi dormindo.
-Bom dia. –Luan me disse da porta.
-Bom dia bebezão. –nós rimos.
-Tá vendo? Eu deixo. –ele me beijou. Um beijo de bom-dia, tudo o que eu precisava era um carinhoso beijo de bom-dia do homem que eu amava- Tava pensando em fazer uma coisa pra gente despertar de vez.
-O que? –ele se espreguiçou.
-Um banho de mar.
-Tá bom, eu...
-Quem chegar primeiro ganha. –Luan saiu correndo.
-Que? ASSIM NÃO VALE! –gritei e corri atrás dele, que obviamente chegou antes de mim.
-Idiota. –eu ri.
-Você que é lerda amor.
-Cê vai ver quem é o mais lerdo. –empurrei a cabeça dele debaixo d’água, mas ele logo levantou.
-Lógico que é você. –ele me fundou também. Quando me levantei, empurrei ele e caí junto. Nos levantamos rindo e ficamos um bom tempo na água.
Enquanto caminhávamos de volta pra casa, eu joguei areia nas pernas dele. Ele não fez nada. Joguei de novo.
-Cê tá fazendo isso de propósito Ana Maria?
Putz, Ana Maria?!
-Eeeeu? Não.
-Você não devia ter feito isso. –vi um sorriso maroto se formar em sua boca.
-Por quê? Vai fazer o que comigo?
-Corre.
-Por quê?
-Porque se eu te pegar...
-Não vai acontecer nada.
-Quer pagar pra ver?
-Não. –eu corri. Luan foi atrás de mim pela praia e por toda a casa, até que ele me encurralou no quarto.
-Olha onde a gente veio parar...
-No quarto. E daí? –rimos e ele me jogou na cama.
-Jura que você não sabe?

ANA OFF/LUAN ON

-Tô com fome. –reclamei e a Ana riu.
-A gente esqueceu do café. –olhei pro relógio e ri.
-O que foi?
-Adivinha que hora é essa?
-Umas dez?
-Vai dar cinco da tarde.
-Putz, a gente dormiu tanto assim?
-Levanta e coloca uma roupa que eu vou te levar num lugar.

TAÍ AMORS, CAPÍTULO 52. VALEU A QUEM COMENTOU, É QUE A AUTOCRÍTICA AQUI REINA. HAHAHAHA NÃO VOU MAIS PARAR TÁ? JURO JURADINHO QUE VOU SER UMA BOA MENINA. HAHAHAHA VAMOS VER NO QUE VAI DAR ESSA PRÉ LUA DE MEL! BEIJINHOS DA DAN. ;D

Amores...

Vocês que me acompanham desde a primeira fic sabem que sou meio anormal. =X Então, chegou a hora de abrir o jogo pra vocês...
Ando meio desanimada com essa fanfic, mas se vocês quiserem eu vou com ela até o final. Caso contrário, começo outra (se vocês quiserem também). Então queria que vocês comentassem aqui nesse post o que vocês estão achando DE VERDADE da história da Ana e do Luan, se vocês querem que eu continue com ela até o final ou pare por aqui e comece outra fic. E aí hein? Conto com a colaboração de vocês!

Cinquenta e Um


Entramos ainda molhados na casa, pela porta dos fundos, que era no quarto.

-Aqui é tão lindo... –Luan me abraçou por trás e ficamos juntos olhando a praia um pouco ao longe.
-Uma pré lua de mel.
-Só você pra ter essa ideia. Esses dias vão ser perfeitos. Só de estar com você. E de ter uma caminha macia. –eu ri.
-Tá pensando no mesmo que eu?
-Aham. Mas tira essa roupa molhada. E toma um banho.
-Só se você vir comigo.
-Aham. –rimos.
Depois do banho, Luan se jogou na cama. Eu fui olhar para o céu mais uma vez.
-Vem cá meu bebezão.
-Bebezão, Luan? –eu ri.
-O que é que tem?
-Bebezão não. –rimos juntos.
-Tá. Mas vem logo.
-Apressaaaaaado. –me deitei no peito dele.
-Amor, me promete uma coisa?
-Qual?
-Que você só vai pensar em nós dois enquanto estivermos aqui.
-Eu sei tocar piano.
-É, você me contou.
-Tô quase comprando outro. O que eu tocava era da minha mãe. Vou comprar aí vou tocar pra você sempre que você quiser.
-Você sempre arranja um jeito de fugir do assunto.
-Ninguém me faz tão feliz como você me faz... –cantei.
-Jogo do Amor?
-Com uma irmã Luanete a gente aprende toda a sua discografia. –eu ri- Ele é o único jogo em que na maioria das vezes da sempre certo no final. Pros dois jogadores.
Ficamos conversando por um tempo. Não me lembro exatamente de como adormeci, mas foi antes dele.

Ana off/Luan on

O que sentia pela Ana era exatamente o que diziam as minhas canções. Eu só tinha um pouco de medo de tirar certas coisas dela, como a sua privacidade ou de ocupar totalmente o seu tempo. Ia ser difícil, porque ela era totalmente entregue ao que fazia no trabalho e como em cada dia eu estaria em uma cidade diferente, ia ser um pouco difícil sincronizar tudo depois do casamento. Eu casando com a Ana. A Ana que eu esperei e não apareceu. A Ana que eu tinha ido buscar duas vezes. A Ana que tinha me pedido em namoro e depois fugido. A Ana que era com quem eu passaria o restante dos meus dias.