Sete da
manhã. Ouvi alguém abrir a porta e me sentei no sofá. A Lívia entrou, sem
a mochila, com os olhos inchados e
vermelhos e com a farda suja.
-Lívia!
Lívia, onde você tava, pelo amor de Deus! Você tá chorando? –a abracei.
-Me deixa.
–ela se separou de mim e subiu até a metade da escada.
-Lívia, você
bebeu? Você quer matar a gente do coração? Cadê suas coisas? Pelo amor de Deus,
cara!
-Eu vou
pra casa da mamãe. Não quero ficar nem mais um dia aqui com você. –ela terminou
de subir e eu fui atrás.
-Lívia, o
que... Eu te perguntei se você se sentiria desconfortável com isso. Agora eu...
-Não tem
nada a ver com o Luan tá bom? Agora deixa eu fazer minhas coisas, quero sair
daqui.
-Se não é
isso, então me diz o porquê. Por que você não quer mais morar aqui? Você mesmo
quis vir praqui.
-Foi
pra... Pra voe não ficar sozinha. Mas agora você tem o Luan. Ele te ama e não vai
te deixar sozinha. Mas agora você tem o Luan e ele não vai te deixar só.
-Lívia, não
é por isso, me conta a verdade.
-A
verdade? Voce quer saber a verdade? –ela se virou pra mim e eu percebi que ela
tinha marcas no pescoço. Marcas que eu conhecia bem- A verdade é que nossos
pais me mandaram praqui porque tinham medo de que a filha querida deles se
machucasse, eles tinham medo de te deixar só porque você podia se matar ou se
envolver com sei lá o que. –ela foi me empurrando pra fora do quarto dela- Mas
sabe de uma coisa? Foi bom o Marcelo te deixar, ele não suportaria fica mais
tempo com você. Agora sou eu quem tá te deixando e logo logo o Luan vai fazer
isso também. Feliz aniversário. –ela bateu a porta.
Era meu
aniversário. E eu sequer havia me dado conta disso. Me sentei no sofá com as
mãos no rosto. Luan havia ligado pra mim, mas eu quase não deixei ele falar. O
sumiço da Lívia me consumia até os ossos. Liguei pra minha mãe.
-Mãe?
-Oi.
Alguma notícia?
-Ela já
chegou.
-Graças a
Deus! Me passa pra ela.
-Tá lá em
cima arrumando as malas. Quer voltar praí. –percebi minha mãe suspirar.
-Menos
mal. Vou busca-la.
Me deitei
em minha cama. Minutos depois, a Lívia passou em frente à porta.
-Lí,
espera. –me levantei e ela entrou em meu quarto com uma mala e uma mochila na
mão.
-Que?
-Veste uma
blusa de frio. O papai não vai gostar de ver essas marcas em você. –fui até o
meu armário e estendi uma pra ela. Lívia olhou pra mim por alguns segundos e em
seguida largou as malas no chão e veio em minha direção.
-Ah Ana!
Se você soubesse... –ela me abraçou- Me desculpe minha irmã, por favor. Eu não devia
ter te contado aquelas mentiras horríveis. É tudo mentira, tudo! Moro contigo
porque quero e jamais vou te abandonar. Nunca! Nem que você me peça.
-Shhh... –a
abracei e tirei as lágrimas que estavam em suas bochechas. - Está tudo bem
minha princesa. –me sentei na cama e a fiz deitar em meu colo- Está tudo bem, você
tá em casa.
-Canta pra
mim?
-Canto. –ela
se deitou ao meu lado e continuou a chorar.
-O que você
quer que eu cante?
-Queria te
ouvir tocar piano de novo. Faz tanto tempo que você não toca... –ela sorriu em
meio às lágrimas.
-Verdade
princesa, faz muito tempo.
-Agora você
tem o Luan. Cê pode ensinar ele a tocar, que nem você fez com o Marcelo.
-Toco pra você
quando formos pra casa do papai e da mamãe, tá bem?
-Tá. Agora
canta?
-O que você
quer?
-Pra você lembrar
de mim.
Não estava
nem na metade da música quando ela adormeceu. Estava cansada. Provavelmente
tinha ficado acordada a noite toda fazendo sei lá o que com sei lá quem. Ela só
tinha dezesseis anos. Como podia ficar naquele estado?
Pensei em
tirar suas calças, que estavam sujas, mas algo me disse pra não faze-lo.
Simplesmente a cobri, beijando sua testa enquanto tentava não pensar no que ela
poderia ter feito.
Minutos
depois, a minha mãe chegou.
-Onde ela
está?
-Em meu
quarto, dormindo.
-Ainda
quer voltar?
-Acho que não.
–ela se sentou ao meu lado.
-Temos que
avisar pro pessoal que ela voltou.
-Luan. –peguei
meu celular.
-Acho que
ele pode ser o problema.
-Ela me
assegurou que não.
-Primeiro
ela não quis viajar com as amigas. Pareceu tão animada e não foi. E agora isso.
Luan foi uma benção pra você. Não te via sorrir a muito tempo e quando ele
apareceu... Tudo mudou. Mas não quero passar pelo mesmo pesadelo novamente, não
quero ver a Lívia no mesmo estado que você.
-Você vai
me pedir que eu... Termine com ele?
-Você não vai
terminar com ninguém, muito menos por minha causa. –a Lívia desceu as escadas
já com roupas limpas e cabelo recém-lavado.
-Filha!
Por onde você andou? –mamãe se levantou e correu para abraçar a Lívia.
-Estou de
volta, não estou?
-Mas quase
nos matou de susto. –mamãe puxou a Lívia para o sofá e elas ficaram
conversando. Levantei e fui pro banheiro.
OI AMOREEEES. VÃO COMEÇAR AS SURPRESAS DA HISTÓRIA GENTE, SE PREPAREM TÁ? HAHAHA BEIJINHOS DA DAN! ;D
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