Trinta


Sete da manhã. Ouvi alguém abrir a porta e me sentei no sofá. A Lívia entrou, sem a  mochila, com os olhos inchados e vermelhos e com a farda suja.
-Lívia! Lívia, onde você tava, pelo amor de Deus! Você tá chorando? –a abracei.
-Me deixa. –ela se separou de mim e subiu até a metade da escada.
-Lívia, você bebeu? Você quer matar a gente do coração? Cadê suas coisas? Pelo amor de Deus, cara!
-Eu vou pra casa da mamãe. Não quero ficar nem mais um dia aqui com você. –ela terminou de subir e eu fui atrás.
-Lívia, o que... Eu te perguntei se você se sentiria desconfortável com isso. Agora eu...
-Não tem nada a ver com o Luan tá bom? Agora deixa eu fazer minhas coisas, quero sair daqui.
-Se não é isso, então me diz o porquê. Por que você não quer mais morar aqui? Você mesmo quis vir praqui.
-Foi pra... Pra voe não ficar sozinha. Mas agora você tem o Luan. Ele te ama e não vai te deixar sozinha. Mas agora você tem o Luan e ele não vai te deixar só.
-Lívia, não é por isso, me conta a verdade.
-A verdade? Voce quer saber a verdade? –ela se virou pra mim e eu percebi que ela tinha marcas no pescoço. Marcas que eu conhecia bem- A verdade é que nossos pais me mandaram praqui porque tinham medo de que a filha querida deles se machucasse, eles tinham medo de te deixar só porque você podia se matar ou se envolver com sei lá o que. –ela foi me empurrando pra fora do quarto dela- Mas sabe de uma coisa? Foi bom o Marcelo te deixar, ele não suportaria fica mais tempo com você. Agora sou eu quem tá te deixando e logo logo o Luan vai fazer isso também. Feliz aniversário. –ela bateu a porta.

Era meu aniversário. E eu sequer havia me dado conta disso. Me sentei no sofá com as mãos no rosto. Luan havia ligado pra mim, mas eu quase não deixei ele falar. O sumiço da Lívia me consumia até os ossos. Liguei pra minha mãe.
-Mãe?
-Oi. Alguma notícia?
-Ela já chegou.
-Graças a Deus! Me passa pra ela.
-Tá lá em cima arrumando as malas. Quer voltar praí. –percebi minha mãe suspirar.
-Menos mal. Vou busca-la.
Me deitei em minha cama. Minutos depois, a Lívia passou em frente à porta.
-Lí, espera. –me levantei e ela entrou em meu quarto com uma mala e uma mochila na mão.
-Que?
-Veste uma blusa de frio. O papai não vai gostar de ver essas marcas em você. –fui até o meu armário e estendi uma pra ela. Lívia olhou pra mim por alguns segundos e em seguida largou as malas no chão e veio em minha direção.
-Ah Ana! Se você soubesse... –ela me abraçou- Me desculpe minha irmã, por favor. Eu não devia ter te contado aquelas mentiras horríveis. É tudo mentira, tudo! Moro contigo porque quero e jamais vou te abandonar. Nunca! Nem que você me peça.
-Shhh... –a abracei e tirei as lágrimas que estavam em suas bochechas. - Está tudo bem minha princesa. –me sentei na cama e a fiz deitar em meu colo- Está tudo bem, você tá em casa.
-Canta pra mim?
-Canto. –ela se deitou ao meu lado e continuou a chorar.
-O que você quer que eu cante?
-Queria te ouvir tocar piano de novo. Faz tanto tempo que você não toca... –ela sorriu em meio às lágrimas.
-Verdade princesa, faz muito tempo.
-Agora você tem o Luan. Cê pode ensinar ele a tocar, que nem você fez com o Marcelo.
-Toco pra você quando formos pra casa do papai e da mamãe, tá bem?
-Tá. Agora canta?
-O que você quer?
-Pra você lembrar de mim.
Não estava nem na metade da música quando ela adormeceu. Estava cansada. Provavelmente tinha ficado acordada a noite toda fazendo sei lá o que com sei lá quem. Ela só tinha dezesseis anos. Como podia ficar naquele estado?
Pensei em tirar suas calças, que estavam sujas, mas algo me disse pra não faze-lo. Simplesmente a cobri, beijando sua testa enquanto tentava não pensar no que ela poderia ter feito.
Minutos depois, a minha mãe chegou.
-Onde ela está?
-Em meu quarto, dormindo.
-Ainda quer voltar?
-Acho que não. –ela se sentou ao meu lado.
-Temos que avisar pro pessoal que ela voltou.
-Luan. –peguei meu celular.
-Acho que ele pode ser o problema.
-Ela me assegurou que não.
-Primeiro ela não quis viajar com as amigas. Pareceu tão animada e não foi. E agora isso. Luan foi uma benção pra você. Não te via sorrir a muito tempo e quando ele apareceu... Tudo mudou. Mas não quero passar pelo mesmo pesadelo novamente, não quero ver a Lívia no mesmo estado que você.
-Você vai me pedir que eu... Termine com ele?
-Você não vai terminar com ninguém, muito menos por minha causa. –a Lívia desceu as escadas já com roupas limpas e cabelo recém-lavado.
-Filha! Por onde você andou? –mamãe se levantou e correu para abraçar a Lívia.
-Estou de volta, não estou?
-Mas quase nos matou de susto. –mamãe puxou a Lívia para o sofá e elas ficaram conversando. Levantei e fui pro banheiro.

OI AMOREEEES. VÃO COMEÇAR AS SURPRESAS DA HISTÓRIA GENTE, SE PREPAREM TÁ? HAHAHA BEIJINHOS DA DAN! ;D

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