Sentei-me no chão, atrás da porta e finalmente libertei
as lágrimas que tinha mantido presas por tanto tempo. E se a Lívia estivesse
sofrendo tanto quanto eu ou até mais? Não tinha como eu me decidir sobre como
fazer uma das duas pessoas que eu mais amava sofrer. Disse a Luan que ele podia
confiar em mim, o prometi que jamais o machucaria. Mas e se aquilo fizesse
machucar a minha irmã? A mesma garota que eu tentei confortar na hora de tirar
um dente, a que fez esquecer-me de minha idade e voltar a brincar de bonecas, a
minha irmã caçula que seria sempre a minha princesa... Alguém bateu na porta.
-Filha, está tudo bem?
-Sim mãe.
-Estou indo. Queria te dar um abraço de feliz aniversário.
Cheguei a pensar em me levantar, mas me lembrei de minha
situação. Pé esquerdo quebrado e nenhum apoio por perto. Me movi até a pia e
com esforço, consegui me levantar. Já não necessitava da muleta. Abri a porta e
tentei sorrir. Minha mãe me abraçou.
-Parabéns.
-Obrigado.
-A Lívia concordou em voltar pra nossa casa.
-Mãe, não era necessário.
-Mas ela quer passar essa noite aqui contigo.
-Melhor.
Minha mãe saiu e eu continuei no banheiro. Liguei para o
Luan.
-Oi amor, alguma notícia da Lívia?
-Ela já voltou.
-Já? Que bom amor! Me deixa falar com ela?
-Luan, eu... Acho melhor não.
-Você acha que isso... Pode ter a ver com nós dois?
-Eu não sei. Sinceramente, não sei. Ela diz que quer que
a gente fique junto, mas... Só ela pode saber. –ficamos em silencio por algum
tempo.
-Feliz aniversário. Vou te abraçar assim que puder.
-Obrigado. Me angustiou muito ficar sozinha ontem à
noite, sem saber onde ela estava, se voltaria... Preciso de um abraço seu.
Assim que desligamos, as lágrimas estavam de volta. Não podia
perdê-lo também. Ele me tirou de um buraco profundo e frio. Estava prestes a
voltar ao meu estado anterior e ele me apareceu de surpresa, como se fosse
enviado pra mim. Não escolhi me apaixonar, só aconteceu. Não escolhi ama-lo de
um jeito tão intenso e tão forte.
Lavei o meu rosto e fui para a cozinha. Minha irmã
precisava se alimentar. Fiz um sanduíche e coloquei um pouco de suco num copo.
Levei pra ela, que estava vidrada no seu celular. Quando cheguei perto, ela
olhou pra cima.
-Sanduíches agora sempre me lembram a Isa. –sorrimos.
Ela começou a comer e me perguntou:
-Não vai me encher de perguntas que nem a mamãe?
-Não. Se você tiver algo pra me contar, pode contar. Mas não
te pressionarei.
Ana off/Lívia on
A manha e a tarde eu passei em uma praça da cidade. O
tempo inteiro chorando, até não saber mais o por que. No começo da noite me
encontrei com um ex-colega de escola. Ele estava bebendo com seus amigos e eu
me juntei a eles. Bebi demais e desabafei com ele, o que não devia fazer. Não
sei como fui, mas acordei na casa dele. Ele me garantiu que não fizemos nada,
mas eu realmente não devo ter tido ânimo nem pra respirar direito.
Naquele momento eu ainda me sentia enjoada, mas comi o
sanduíche q eu a Lívia fez. Ela não me perguntou nada e aquilo me agradou. Não
saberia o que responder. Comecei a chorar porque não tinha coragem de falar que
aquilo me machucava e o último motivo de choro era que eu me sentia um lixo por
não querer que eles ficassem juntos. Se
eu contasse, ela ia querer terminar com ele. Ela sofreria, ele sofreria e eu não
aguentaria ser a responsável por isso.
AMORES, TAÍ O CAPÍTULO 31, DESCULPEM A DEMORA TÁ? MAS EU ARRANJEI UM TEMPINHO PRA ENTRAR E POSTAR AQUI PRA VOCÊS. BEIJINHOS DA DAN. ;)
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