Trinta e Dois



-O que você faria se eu tivesse de ir embora?
-Aconteceu alguma coisa?
Eu e o Luan estávamos em um parque, de frente pra lagoa, embaixo de uma cerejeira.
-É estranho ver uma cerejeira assim nessa época do ano.
-Luan, me responde. Aconteceu alguma coisa? Porque você vai embora?
-Filha, vamos?
Não tinha percebido uma menininha sentada à nossa frente.
-Não quero papai. –quando ela se virou, percebi que se parecia comigo aos seis anos. Até o mesmo corte de cabelo, com a franja rente a testa e olhos grandes e verdes brilhando.
-Vamo meu amor, papai te dá sorvete quando chegar.
-Luan! –chamava, mas ele parecia não me escutar e seguia conversando com a menina.
-E a gente vê a mamãe?
-Sim princesa, a gente vê a mamãe. Agora vamos?
-Luan, fala comigo!
Ele se levantou e pegou na mão da menina. Eles foram andando.
-Hoje a gente vai arrumar a árvore de Natal?
-Se você prometer ajudar o papai, a gente arruma. –a menina comemorou.
-Luan, quem é ela? –comecei a chorar- Luan, olha pra mim. LUAN! –eles saíram andando- Luan, volta!
A imagem se desfez aos poucos e se transformou em meu quarto escuro. Meu corpo estava suado e eu me agarrei aos lençóis com força. Me situei aos poucos de onde estava.
Me sentei na cama e fui até a cozinha buscar um pouco de água. Olhei no relógio, 03h30min da manhã. Droga, aquele sonho ainda estava em minha cabeça. “Filha.” De quem? Bianca? Não. Se fosse ela não pareceria tanto comigo. Mas foi um sonho, podia parecer com qualquer um. Mas aquela criança nos separou. Oh droga, estava chorando feito um bebê de novo. Os soluços me faziam tremer o copo que segurava. Perder o Luan me deixava assim mesmo em sonhos, mesmo depois de despertar.
Precisava dele do meu lado pra quando acordasse de um pesadelo saber que estaria tudo bem. Ou quem sabe, acabar de vez com meus pesadelos. Fui até meu quarto temendo dormir, com medo de que o sonho voltasse.

Acordei as nove com a Lívia me chamando.
-Ana, acorda Ana.
Estava no mesmo estado de antes.
-O que aconteceu?
-Você estava tendo outro pesadelo.
-Quem eu gritei dessa vez?
-Não deu pra entender.
Me lembrei que tinha hora marcada com o ortopedista e que logo o Roberto ia chegar pra me buscar. Me levantei e me arrumei.
-Vou tirar, mas não podes usar salto, dirigir ou correr.
-A mesma coisa de nada.
-Não reclama Ana, ao menos vai poder tomar um banho de verdade.
-Eu tomo banho de verdade! –dei um tapinha no ombro dele.
-Me disseram que você não gosta.
-Pois mentiram. Ok? Ok. –ele riu.

Ana off/Pedro on

Não digo que foram os três piores meses da minha vida, porque os ANOS da Ana com o Marcelo me machucaram mais. Mas também não foram os melhores. Via a Ana quase todos os dias, nas audiências, na Party Club e quando ela, a Isabella e o Guilherme se juntavam a mim para o almoço.
-Isa, posso te perguntar uma coisa?
-Manda bala.
-Porque você nunca namorou?
-O que?
-Todo mundo sabe que pretendente nunca te faltou. Mas você nunca passa dos rolinhos de uma semana. Daqui a pouco fica velha e ninguém vai querer te namorar. Gorda você já tá ficando.
-Gordo é você, se enxerga! –rimos- Além do mais, você tá encalhado aí até hoje. Vai, eu sei que a única pessoa que você beijou até hoje foi a Ana. E nunca, nunca, nunquinha passou de um beijo em vinte e cinco anos! –ela riu de mim.
-Não! Quer dizer, já. Quer saber, não.  Eu não achei a pessoa cert... O que tá acontecendo ali?
Passávamos em frente a casa da Ana quando vi a Lívia levando alguém (maior do que ela inclusive) pelo braço. Parei o carro em frente.
-SOME DA VIDA DA ANA E DO LUAN!
-Lívia, não vale a pena. Ela não vai voltar. –Luan saiu pela porta também, tentando colocar a Lívia pra dentro.
-O que aconteceu? –a Isa perguntou ao Luan e em seguida olhou pra mulher que a Lívia tinha colocado pra fora. Não nego que ela fazia qualquer homem olhar duas vezes, mas não me importava aquela hora.- O que você tá fazendo aqui?
Estava claro que eu era o único que não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo.
-Cadê a Ana?
-Lá dentro.
Minha única reação foi ir procura-la. Ela estava sentada no chão, encostada no sofá. Chorando tanto que chegava a tremer.
-Ana, por favor. –me sentei ao seu lado e a abracei o mais forte que pude, com cuidado para não machuca-la- Por favor, não chora assim, me parte o coração. Quem era aquela moça?
Ela tentava falar, mas só conseguia chorar e soluçar mais ainda.
A Lívia passou correndo, pegou uma caixa e saiu de novo. Luan entrou e sentou no sofá. Antes de ele falar qualquer coisa, ela pôs a cabeça em seu colo. Ele beijou a bochecha dela e começou a lhe fazer carinho. Nos olhos dele tinham lágrimas também.
-Vai ficar tudo bem, ela não vai voltar.

E AÍ AMORES, ALGUMA IDEIA DE QUEM SEJA A TAL "MULHER"? =X Ó, ESSE CAPÍTULO É O PRIMEIRO DE ALGUNS MUITO IMPORTANTES TÁ? PRESTEM ATENÇÃO. HEHEHE BEIJINHOS DA DAN. ;D

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