Noventa e Quatro

LUAN ON
Eu não conseguia ficar quieto, andava de um lado a outro. Quando meu pai chegou, ele conseguiu me acalmar um pouco.
-Calma filho, vai dar tudo certo, você vai ver.
Depois de um tempo, me disseram que o bebê já estava no berçário.
-E a minha esposa?
-Ainda está na sala de cirurgia.
-Ela vai ficar bem? –a enfermeira pareceu procurar palavras.
-Estamos tentando.
-Vamos ver sua filha, Luan. –meu pai me chamou. Uma parte de mim queria invadir a sala e ficar ao lado da Ana, a outra estava desanimada até mesmo pra sair do lugar. Eu não sabia se queria ir ver o bebê, mas fui. Eu e meu pai fomos no elevador em silencio. Quando as portas se abriram, a minha mãe e a Bruna estavam babando em frente ao vidro.
-Vem ver, Luan. -a Bruna me chamou e apontou uma menina deitada na primeira fileira. Ela era forte, linda e se mexia mais do que qualquer outro recém-nascido ali.
Os pais da Ana também foram até o berçário. Olhando ela, eu concordei que o nome Elen combinava mais. E eu tinha certeza de que mais cedo ou mais tarde, a Ana ia me convencer desse nome.

LUAN OFF/ANA ON
Eu não sabia o que me mantinha acordada. Aplicaram algum remédio em mim que fez com que minha dor parasse, mas pelo que eu via ao meu redor, a minha situação não era das melhores. Eu sentia o pior cansaço do mundo, como se tivesse corrido dias e dias a fio. Estava tudo embaçado ao meu redor quando colocaram algo no meu nariz. Eu precisava daquilo pra respirar? Talvez sim. E então eu ouvi um choro. Um chorinho que eu reconheceria a milhares de quilômetros mesmo que aquela fosse a primeira vez que eu o escutei. Eu tentei me levantar para vê-la, mas não consegui. Era como se minha cabeça pesasse toneladas. Vi, ainda que somente como um vulto, um bebê sendo levado para longe. Era o meu bebê? Porquê eu não podia vê-la?
Eu queria gritar por ela, mas não tinha forças. Eu queria pedir pro Luan leva-la até mim, mas não conseguia. Onde ele estava? Eu precisava vê-lo. Precisava dele ao meu lado, mais do que nunca. Mas eu estava só. Cercada por um bando de desconhecidos agoniados como se estivesse tentando salvar alguém.  Esse alguém... Esse alguém era eu!
-Batimentos cardíacos diminuindo. –ouvi alguém dizer.
Onde estava minha família?
Comecei então a me recordar do sonho. Eu não precisava ter medo de que o Luan me deixasse. Porque era eu quem o estava deixando. Ele a nossa filha não precisariam fingir que eu não existia, porque eu realmente não existiria mais.
Não poderia acabar daquele jeito! Comecei a lutar silenciosamente pela minha vida. Depois de passarmos por tanta coisa, eu iria embora assim? E nossos planos? E as minha filha?
No meio de toda aquela agonia, eu senti uma paz inexplicável. E então eu simplesmente deixei de lutar e em deixei levar por aquela sensação de que tudo acabaria bem.

ANA OFF/LUAN ON
Deixei meu pensamento voar, e por um tempo eu simplesmente fiquei observando a Elen. Uma pediatra a examinou ainda no berçário, e eu ficava observando cada canto onde ela ia. Até que o elevador se abriu e meu pai tocou meu ombro pra que eu me virasse. Observei o rosto do médico antes mesmo que ele olhasse em minha direção.
-Doutor, como tá minha filha? –a mãe da Ana perguntou. Só então eu percebi que ela segurava um terço entre as mãos.
-É difícil... Nós tentamos muito, mas infelizmente... Ela não sobreviveu à hemorragia. –todos ficaram sem reação. Eu fiquei sem chão.
Era como se a um piscar de olhos atrás eu estivesse feliz e agora... Eu estava sem rumo. Era como um pesadelo. Eu queria que fosse um pesadelo, queria ter a certeza de que acordaria a qualquer momento. Senti a mão da Bruna em meu braço e me afastei. Eu precisava sair dali.

Apertei o botão do elevador diversas vezes, mas então desci pela escada correndo em direção à garagem. Sim, era loucura dirigir após saber da morte de sua esposa, mas era também o modo mais rápido de sair dali. Saí por lugares desconhecidos, porque eu precisava. Talvez eu encontrasse paz em alguns desses lugares, ou quem sabe a Ana estivesse escondida em algum lugar. Mas eu sabia que por mais que eu procurasse, ela não estaria.

AMORS, A DEMORA PRA POSTAR ESSE CAPÍTULO NÃO FOI FALTA DE TEMPO, E SIM PORQUÊ ESSE FOI UM CAPÍTULO MUITO DIFÍCIL DE ESCREVER! BEM,É ISSO, ATÉ O PRÓXIMO CAP. A FIC JÁ TÁ NO FIM, VIU? BEIJINHOS DA DAN!

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