Epílogo

6 ANOS DEPOIS

-Filha, vamos? –chamei a Elen, que estava brincando na sombra de uma árvora. Estavamos em um parque perto de casa.
-Não quero papai. – ela se virou, com a franjinha balançando por causa do vento.
-Vamo meu amor, papai te dá sorvete quando chegar.
-E a gente vê a mamãe? –ela amava ver o vídeo do meu casamento com a Ana.
-Sim princesa, a gente vê a mamãe. Agora vamos? –me levantei e peguei na mão dela.
-Hoje a gente vai arrumar a árvore de Natal?
-Se você prometer ajudar o papai, a gente arruma. –ela comemorou e a coloquei em meu ombro até chegarmos no carro. Coloquei ela na cadeirinha do banco de trás e fomos pra casa da Lívia. Desde que a Ana se foi, os dias foram difíceis.  Em datas como o Natal, era pior. Eu não conseguia ser 100% o que a Elen precisava. Mas naquele dia era diferente. Eu sentia uma paz, um conforto, como se ela estivesse comigo. Passamos pouco tempo juntos, mas cada segundo valeu a pena.  E mesmo ela tendo ido tão cedo, me deixou um tesouro inestimável.
Quando chegamos, assim que tirei a Larissa da cadeira, ela correu para a Lívia, que estava ao lado do Bernardo e grávida de oito meses. Travei o carro e fui até eles.
-Elen, não corre assim.
-Deixa a menina, Luan! –a Lívia disse e riu.
-Tia, cadê o Paulinho? –Elen perguntou
-Tá lá dentro, vem que eu te levo. –o Bernardo pegou ela pela mão e levou pra dentro.
-Lívia, eu vou dar uma volta.
-Vai lá, eu cuido dela. Você tá precisando.
Depois de muito rodar com o carro, acabei voltando para o parque. Saí do carro e voltei pra mesma sombra de árvore onde a Elen estava. Pensei em como seria se a Ana ainda estivesse ali. Eu pensei que depois de seis anos, o meu choro diminuísse. A saudade eu sei que não, ela nunca iria embora. Porque eu nunca mais iria ver a minha gata do mato acordar pela manhã e tentar esconder o rosto de mim. A gente nunca mais iria viajar pra um lugar paradisíaco e dançar em uma roda de samba, E nem mesmo eu ia acordar de madrugada coma voz dela sussurrando alguma coisa indecifrável. Me deixei cair no chão. Triste, com saudade... Eu e Ana havíamos nos tornado um só, almas gêmeas, irmãos, melhores amigos e amantes. Por isso aquilo tudo era difícil de aceitar. Mas nós éramos para sempre. Para sempre além de todas as barreiras. Tínhamos um elo inseparável, inquebrável. Metade de nós em uma pessoa que fazia o nosso futuro existir. E enquanto ela estivesse em meu coração, ela estaria viva.
O sol começou a se por no horizonte. Mas ele voltaria no outro dia. Voltar... talvez era disso que eu precisava. Mas voltar não era a palavra certa. Quando o sol nascia de novo, o dia recomeçava. E era isso o que eu precisava fazer, recomeçar. Mas com ela sempre comigo.

Uma brisa tocou meu rosto. Fechei os olhos e me lembrei. Era como se eu estivesse vivendo aquilo de novo. Eu sentado, a Ana logo atrás de mim. Senti seu abraço e a frase que eu mais amava escutar ela dizer: “eu te vivo”

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