Ficamos lá até de manhã, e enquanto algumas pessoas acordavam, nós fomos
dormir. Olhei meu celular e estava sem sinal. Resolvi tentar dormir, mas
acordei pouco tempo depois. Era quase impossível dormir com tanta gente
falando. Eu não entendi a necessidade de passarem correndo na porta tantas
vezes. Levantei, encontrei um banheiro vazio e me meti lá dentro. Fiz minhas
higienes, coloquei essa roupa
Fiz uma trança de lado e fui pra fora. Encontrei meu pai cabisbaixo e
sério olhando pro nada.
-Pai, o que foi? –ele demorou um pouco pra responder.
-Tô sentindo falta da Ester reclamando de alguma coisa. –ele sorriu- Ela
sempre teve isso de mudar, reclamar... –ele ficou em silêncio por alguns
segundos- Sabe filha, ser filho único tem lá o seu lado ruim. Principalmente
depois que você perde um pai e sua mãe nem sabe quem você é. Por isso eu evito
vir aqui. Fico pensando que eu poderia ter uns dez irmãos, que poderíamos
encher uma casa... –ele parou de falar.
-Você tem a gente. –segurei a mão dele e ele olhou pra elas.
-Tô perdoado.
-Eu te amo pai. E sei que você também me ama. Só que do seu jeito.
-Superprotetor?
-Talvez.
-A gente podia ir ver a vovó antes do fim do ano.
-É, a gente vai.
A Lívia veio correndo.
-Achei um lugar com sinal. –ela me puxou pela mão. Me despedi de meu pai
e corri pra acompanhar seu ritmo. Andamos por um bom tempo até chegar no tal
lugar. Olhei meu celular e finalmente tinha sinal. Alguma pista de quem seria a
primeira pessoa pra quem eu ligaria?
ANA OFF/LÍVIA ON
Ana parecia a pessoa mais animada do mundo falando com o Luan. Meu
coração começou a se apertar, mas eu não podia deixar que aquilo acontecesse de
novo.
-Diz pra ele que eu tô desejando feliz natal.
-Amor, a Lívia tá te desejando Feliz Natal. Tá. Ele disse pra você também
Li.
-Lívia! –ouvi o Bernardo chamar. Eu tinha conhecido ele quando cheguei.
Ele tinha 18 anos e era filho de uma prima da mamãe- Lívia, você sumiu.
-Eu achei sinal. –ri- Como me achou aqui?
-Só fui andando. –ele se sentou do meu lado.
-Sabia que seu cabelo tá um pouquinho fora de moda? –rimos.
-Só um pouquinho? –ele gargalhou- Mas eu gosto dele assim. Você não gosta?
–eu olhei de novo sua franja quase cobrindo os olhos dele.
-Eu gosto de ver os olhos da pessoa enquanto falo com ela. –rimos- Mas
fica legal em você.
-O seu também é legal. Mas ficaria mais ainda se você fosse loira.
-Você acha?
-É. Mas você é linda assim também. –fiquei sem graça e olhei pro lado- E
fica mais ainda quando fica vermelha. –eu ri.

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