Sessenta e Dois


Quando a minha mãe chegou, dei uma pausa no trabalho.
-Atrapalho?
-Não. –ela se levantou e me abraçou- Senti saudades.
-Foi só uma semana.
-Foi o bastante. E então... Quando começam os preparativos para o casamento?
-Ainda nem sabemos a data.
-Quero que você tenha um casamento lindo. Com todas as partes, tudo certinho. Não um de cinco minutos como o meu.
-Por alguns dias... A gente achou que eu estivesse grávida. Mas... foi alarme falso. –abaixei a cabeça.
-Não foi a hora certa. –ela segurou a minha mão- E acredite, casar com um barrigão não é lá muito confortável. –rimos.
-Mãe, me desculpe, mas eu tenho que te perguntar isso.
-O que?
-Você sabia das cartas, não era? –ela suspirou e se recostou na cadeira.
-Sim, eu sabia. Mas achávamos que era o melhor pra você. Quando percebemos que lhe faria tão mal, já era tarde demais.
-Mas, qual era o problema?
-Um dia você vai entender.

Na pausa do almoço, eu não senti fome. Eu tinha certeza de que se tirasse a cabeça do que tinha pra ser resolvido, eu demoraria décadas até conseguir voltar a me concentrar de novo. Não queria que nenhum caso fosse parar em outro escritório ou na mão da Ester novamente. Não que eu não confiasse, ela era uma das melhores advogadas da cidade, mas tinha seus próprios problemas pra resolver. No fim do dia, resolvi toda a papelada, mas tinha uma única coisa a resolver: uma conciliação, mais uma vez envolvendo pensão alimentícia.  A outra parte marcou urgentemente uma reunião para o outro dia de manhã. Tentei adiar, mas não deu. Eu não podia ficar sem ir com o Luan! Como estaria em dois lugares ao mesmo tempo?

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